Por Marcos Aurélio dos Santos
Porque seguir o Cristo é ser, e isto basta. Não quero este cristianismo. Um cristianismo que deturpa a
verdade do Evangelho, que negocia com os religiosos os valores do reino
ensinados por Jesus de Nazaré, que se farta nas mesas da ostentação e do poder.
Não quero este cristianismo. Um cristianismo pautado em
dogmas e códigos que proíbe a liberdade de pensamento para tentar calar os
justiceiros famintos do reino, que oprime os fracos e indefesos, que não atenta
para a causa do pobre e do estrangeiro, que blefa e se diz ser do Evangelho. Um
cristianismo sem Cristo, repudio.
Não quero este cristianismo. Um cristianismo que manipula
os menos esclarecidos de boa vontade, que ilude as massas em detrimento da
partilha de aprendizado, que se alegra na sua hipocrisia com discursos
inflamados sem práxis. Me recuso a aceitar este cristianismo.
Não quero este cristianismo. Um cristianismo que luta por
poder e fama em busca de glória para si, pois os que apregoam querem ser
exaltados, almejam os melhores lugares na tribuna em detrimento da exaltação do
Cristo. Estão tomados pela síndrome da espiritualidade egolátrica. Não aceitam
a humilhação e a submissão mútua, seus corações estão infectados pela vaidade.
Não quero este cristianismo. Um cristianismo da
anti-compaixão que não se compadece dos que sofrem, da demagogia barata e
descarada que não calcula o valor imensurável da Graça, do egocentrismo que não
enxerga o outro em sua espiritualidade alienada, da soberba que não leva em
conta a submissão a Cristo e ao próximo.
Não quero este cristianismo. Um cristianismo que aborrece o
serviço sem levar em conta o exemplo do servo sofredor, que em sua encarnação
se humilhou tomando forma de servo. A prioridade é ser servido. Sua motivação é
o benefício próprio, excluindo o próximo.
Não quero este cristianismo. Um cristianismo que ostenta,
que constrói os seus valores baseados nos bens que possui, na luxuria, que não
reparte, que acumula em celeiros, que não vive de maneira comunitária, o
cristianismo da avareza, um cristianismo sem Cristo.
Não quero este cristianismo. Um cristianismo sem
misericórdia, que exclui e, que por muitas vezes comete homicídio contra o
irmão, levando-o a um “óbito espiritual”, do cristianismo que não aprecia as
duas partes para julgar com justiça, do que profere palavras de condenação na
posição de “dono da verdade de Deus”.
Cristo, este quero!
O Cristo da misericórdia, da compaixão, do serviço, da
bondade, da justiça, da retidão, da verdade, do amor ao próximo, da submissão e
obediência a Deus Pai, o Cristo da comunidade, que anda com o pobre, com o
aflito, com os que sofrem, com o faminto. Quero o Cristo da partilha, que ama incondicionalmente, que
se move de intima compaixão, da salvação, o Cristo do perdão.
Quero o Cristo da igualdade, que acolhe a todos sem fazer
acepção de pessoas, o Cristo da humilhação, que sofreu por nós o castigo da
morte na cruz, que sem proferir palavras levou as nossas culpas. Quero o Cristo
dos becos, das periferias, das favelas, o Cristo que caminha com o excluído.
Quero o Cristo da profecia, que denunciou a injustiça
contra os mais fracos e sem voz, que não aceitou negociar com os injustos,
religiosos e opressores, que apregoou a verdade até a cruz em amor sacrificial
e serviço, quero o Cristo da cruz, não o da religião.
Quero ser morada Dele, que Ele sempre se alegre em estar em
mim, e que eu possa transbordar esta alegria para os outros. Quero brilhar! Não
o brilho da vaidade e da ostentação, mas das boas obras para que nosso Pai seja
glorificado, quero ser morada do Cristo para que as pessoas possam ver a glória
do eterno em mim.
Que possamos se conhecidos como os do Cristo não pelos
nossos feitos, mas pela capacidade de amar uns aos outros. Cristo em nós,
eternamente, amém.
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