Por Marcos Aurélio dos Santos
Há uma certa confusão na construção da teologia como também nas práticas, e, paralelamente uma resistência na mudança de paradigmas. A primeira, provavelmente sobre influencia de uma teologia fundamentalista onde esta tem uma forte ênfase em uma espiritualidade reduzida a busca de "ganhar almas".
Não vou me delongar no tema, deixo para outro momento reflexivo. Apenas quero pontuar algumas impressões quanto a prática da
Missão Integral nas igrejas, o que convenhamos, é o que torna a missão relevante. Como diz um querido
companheiro de caminhada, "A MELHOR TEOLOGIA É A PRÁTICA,"
Pois bem:
Existem igrejas que buscam praticar a missão integral, contudo nunca estudaram o tema, nem tão pouco participaram de eventos que refletem sobre o tema. Estas igrejas em sua maioria estão situadas nos bairros periféricos, se identificam com as pessoas de sua comunidade e geralmente assumem um compromisso com as pessoas para servi-las nas suas diversas necessidades.
Outras Igrejas até praticam algumas ações, mas por
motivações erradas. Muita ação, contudo sem uma visão clara do que é o Reino de Deus nas suas múltiplas dimensões. Muitas dessas igrejas veem a missão integral como uma estratégia para atrair adeptos para sua denominação, com um foco direcionado ao acréscimo de pessoas na congregação. Estas, semelhantemente a
Igreja de Éfeso, pratica boas obras, mas infelizmente deixou o primeiro amor que é amar ao próximo como a si mesmo.
Também tem Igrejas que são ótimas em discursar sobre o tema, entretanto não movem um dedo para promover justiça e viver o Evangelho de Jesus. Nunca sujaram os pés nas ruas empoeiradas da comunidade onde está inserida, permanecem confinadas em seu "gueto-templo", protagonizam o triste papel de espectadoras dos fatos, preferem manter distância dos problemas do mundo. Esta corre sério risco de se ajuntar aos Hipócritas.
Encontramos outras Igrejas que discursam e praticam uma outra “missão
integral” estranha ao Evangelho. Confundem ação social, movimentos evangelísticos com foco em números, departamento social em sua denominação e dentre outras ações. Nestas igrejas percebe-se uma forte ênfase no assistencialismo misturado com estratégia para atrair mais adeptos para seus grupos. Seria falta de base bíblica? ou uma motivação estranha aos propósitos de Deus na Missão?
Tem Igrejas que buscam um equilíbrio entre evangelização
e Responsabilidade social, o que é relevante. Contudo, beira o reducionismo.
Muitas das nossas igrejas terceirizam o serviço comunitário. Até investem, mas
sem nenhum envolvimento com o próximo, não sentem o cheiro das pessoas, não
assumem um compromisso de conhecer e ouvir suas histórias, não querem lavar os pés do outro, não se arriscam como Jesus de Nazaré, sujar as mãos com pecadores. Preferem a terceirização pois é mais cômodo e se encaixa no modelo do sistema religioso instalado em algumas igrejas.
Por fim, há Igrejas que se arrependeram, entraram em crise e
retornaram ao Evangelho de Jesus de Nazaré. Para estas igrejas, é chegado o reino de Deus, deixaram de ser a Igreja do
"BALCÃO" para ser a do "CAMINHO". Fazem teologia com o pé no chão, encontraram Cristo nos esquecidos e sem voz, aprenderam a caminhar com os marginalizados e pecadores, assim como seu mestre o fez. Aleluia!
Amados e amadas, deixo aqui estas impressões para ajudar em nossa reflexão
sobre a missão da igreja e suas implicações práticas.
Por uma igreja Relevante, serva, que busca a prática do Evangelho de Jesus de Nazaré, o servo sofredor, o Deus humilde, o Senhor de Tudo e de todos.
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