Por José Egberto Sátiro de Moura
Sobre
Manoel Higino de Sousa, existem outros fatos históricos que são fascinantes e
ainda desconhecidos pelos próprios membros da igreja. Na proporção que esses
fatos históricos vão surgindo, por meio da pesquisa realizada testemunhada e documentada
vão sendo inseridas em sua história. Pastor Manoel Higino de Souza como
pioneiro também implantou uma das maiores Igrejas de Cristo por volta do ano de
1933 na cidade de Pedro Velho no Rio Grande do Norte.
Vejamos
como tudo aconteceu. Em 1921, Manoel Higino de Souza era pastor em Nova Cruz, em
março de 1922 assumiu o pastorado da Assembleia de Deus em Natal até 1923,
substituindo o Pastor Josino Galvão de Lima. Pedro Velho fica justamente nesse
trajeto, e é berço das primeiras evangelizações pela Igreja pentecostal nascida
em Belém do Pará. Quando essa Igreja chega a Pedro Velho, já encontra alguns
cristãos pertencentes à Igreja Presbiteriana assim como aconteceu em Mossoró no
Rio Grande do Norte. Nesse contexto, em 1923 muitos dos familiares da família
Galvão, alguns deles como o casal José Galvão e sua esposa Cecília em cuja casa
funcionava o culto Presbiteriano. Mais tarde, esses mesmos cristãos começaram a
fazer o culto pentecostal do qual passaram a fazer parte, talvez por circunstancias
familiar boa parte desses familiares fizeram parte da Assembleia de Deus e
muitos se converteram principalmente no Sítio Moreira.
Alguns
desses irmãos convertidos dentre eles Antônio Lopes Galvão e esposa, Alfredo
Galvão, Francisco Sotero e Família, entre outros, o paraibano José Menezes
converteu-se e foi batizado em Pedro Velho em 1919. Francisco Sotero e família
foi justamente a pessoa que deu essa sustentação ao Pastor Manoel Higino de
Souza na Igreja de Cristo por volta do ano de 1933 em Pedro Velho.
É
nessa conjuntura que a Igreja de Cristo chega à cidade de Pedro Velho. Vejam o
testemunho de um dos pioneiros da História da Assembleia de Deus na cidade, o
que ele nos relatou. Seu Daniel Galvão de Lima, do qual entrevistei, é filho de
Antônio Galvão de Lima, que foi um dos primeiros membros da Igreja de Cristo na
cidade de Pedro Velho em 1933. A ele pertenceu o Saltério do qual encontrei
alguns dos hinos do Pr. Manoel Higino de Sousa. Essa relíquia hoje incompleta e
já faltando algumas páginas se encontra nas mãos do casal Severino Florêncio da
Costa e sua esposa Francinete que é professora polivalente de uma das escolas
da cidade. Talvez tenha partido dai o grande zelo por esta relíquia que só liberou
o material para a tiragem de Xerox porque apresentamos a importância de
registrarmos na história, para não ficar no esquecimento.
Foi
pesquisando que encontrei num Blog de Clednews em Pedro Velho, um relato
histórico de um aluno de história hoje fazendo biologia por nome José Antônio
Galvão de Lima, filho de Daniel Galvão de Lima, esse histórico sobre a
Assembleia de Deus envolvendo a história da Igreja de Cristo no Brasil e em
todo o estado, principalmente em Pedro Velho. Seu Daniel, quando fala da
dissensão e divisão ele diz que a mudança da congregação da Igreja de Cristo
para uma casa própria, foi motivo de inauguração. Foi feita uma grande festa,
vindo muita gente de natal, inclusive Manoel Higino de Souza conhecido por
irmão Manequim, que almejava a presidência da Assembleia de Deus no Rio Grande
do Norte.
Segundo
Seu Daniel em seu relato, nessa época, a Igreja em todo RN passava por momentos
difíceis. O pastor presidente na época, Luiz Gonzaga da Silva e o irmão Manoel
Higino de Souza, muito se enfrentavam dividindo opiniões entre os irmãos. Em
Pedro Velho não foi diferente, também houve divisão na igreja. Manoel Higino de
Souza Alugou uma casa na Rua Sete, propriedade de herança dos filhos de Miguel
Italiano, a congregação, no princípio logo encheu, deixando para traz o pastor
Antônio Lopes quase só. Na época até os casais se dividiam ficando em igrejas
diferente. Seu Daniel Galvão conta que seu pai Antônio Galvão de Lima seguiu na
Igreja de Cristo, era dele o saltério contendo os hinos de Manoel Higino de
Souza dos quais documentarei mais a adiante. A esposa desse irmão continuou na
Assembleia de Deus pastoreada pelo Pr. Antônio Lopes Galvão. Segundo testemunha
seu Daniel Galvão, esse pastor passou por muitas necessidades, sendo necessário
que os irmãos que ficaram com ele os ajudassem a ir para o Estado do Pará.
Com
a euforia da divisão estabilizada, a igreja no Rio grande do Norte, transfere o
Pastor Presidente da época, Luiz Gonzaga da Silva para a cidade de Santos em
São Paulo, e envia o Pastor Clímaco Bueno Asa, vindo da cidade de Santos São
Paulo, para substituir o Pr. Francisco Gonzaga da Silva até 1937. Esse pastor
assumiu a responsabilidade do trabalho e esteve em Pedro Velho na casa dos
parentes da esposa de Antônio Galvão de Lima, na tentativa de acalmar os ânimos
dos irmãos dissidentes, o que findou acontecendo já que a Igreja de Cristo no
Brasil deixou de existir na cidade de Pedro Velho por muitos anos, passando a
existir novamente só agora muito tempo depois. À cerca da igreja lá existente,
escreveremos depois.
A
divisão de forma contextualizada se deu através da estreita amizade do Pastor
Manoel Higino de Souza com o Irmão Francisco Sotero, que hospedava lhe hospedava
quando vinha da capital. Aqui fez contato e criou todo o clima de animosidade
dos irmãos contra o irmão Gonzaga, que já vinham insatisfeitos com a atuação
frente ao ministério da Assembleia de Deus. No distrito do Cuité, a preferência
pelo irmão Manoel Higino era intensa, os sonhos e revelações só eram
direcionadas para ele. As crianças confusas, sem ao menos conhecer o Pr.
Gonzaga, tinham medo dele devido à ideia crítica que seus pais lhes faziam.
Contudo,
os irmãos tinham muita admiração pelo Irmão Manoel Higino de Souza, pois, achava
muito autêntico, e eloquente e caris-mático, diferenciando do pastor Gonzaga. O
descontentamento já vinha da capital, pois, a igreja fracassava a cada dia. Em
Pedro Velho junto ao irmão Francisco Sotero, o Pastor Manoel Higino de Souza
conquistava a maioria dos irmãos. Entre os dissidentes estavam o meu pai
Antônio Galvão de Lima, Manoel Gonçalo, José Samuel, Ernesto Galvão e sua
esposa Zulmira.
Como
vemos o Pastor Antônio Lopes da Assembleia de Deus não aceitava a divisão.
Certa vez ele declarou a meu pai. “Antônio dizia: eu permaneço firme como uma
rocha!”. A cada dia o rebanho de Manequinho aumentava, disseminando a igreja
tradicional, até que o Pastor Antônio Lopes Galvão ficou literalmente só, os
irmãos divididos e confusos, não saudavam mais os irmãos que ficavam com
Antônio Lopes.
Na
Igreja de Cristo, como era chamada a igreja dissidente, preferiu mudar a
saudação, de paz do Senhor para a paz de Cristo. Segundo o Pastor Manoel
Higino, a palavra Senhor dá atribuição de Senhor de escravos, e já estávamos
pela graça. Para substituir a Harpa cristã, o Pastor Manoel Higino de Souza
providenciou um hinário com cânticos de sua autoria chamado Saltério. O Pastor
Antônio Lopes da Silva e Alguns irmãos, que com ele ficaram, rasgavam as
páginas de suas harpas que continham hinos de autoria do Pastor Manoel Higino
de Souza.
O senhor Daniel já ancião que ainda vive nos contou como também está
registrado nos arautos das boas novas de Pedro Velho que os hinos do Pastor
Manoel Higino de Souza eram cortados à tesoura. Falou-nos ainda e está
registrado no mesmo documento, que os hinos da harpa cristã que contem três
estrelinhas são de autoria do pastor Manoel Higino de Souza. é possível que
haja controvérsia quanto a esta informação. Mas faz sentido. No saltério, do
qual pesquisei tem alguns hinos dele, no qual totalizam 11 hinos, a partir do
hino de Nº 08, que é de sua autoria. Os que contêm as estrelinhas de autoria
desconhecida são poucos, e não parecem serem todos os mesmos que estão na Harpa
Cristã.
Estamos também investigando e aguardando material que vem de São Paulo,
já que é todo um material novo. Se for assim como estamos pensando, se no
saltério contém 11 hinos de sua autoria, quantos são os de sua autoria na Harpa
Cristã? Se tiverem todos de sua autoria na 1ª até a 4ª edição da Harpa Cristã, essa hipótese
será descartada, ou então os hinos que contém as três estrelinhas, são
realmente de sua autoria, como testemunhou o senhor Daniel Galvão.
Com
relação ao Pastor Manoel Higino de Souza, testemunha um desses pioneiros da
Assembleia de Deus em Pedro Velho, que pouco tempo depois do afastamento do
Pastor Manoel Higino de Souza do corpo de membros da Assembleia de Deus, foi
lançado uma nova edição da harpa cristã da Harpa Cristã. Tentou-se tirar os
hinos de autoria do Pastor Manoel Higino de Souza, Mas a Maioria dos hinos era
tão inspirados, que pareciam ser de autoria divina, além do mais, estavam entre
os mais entoados nas congregações.
Segundo
esse documentário, como seu próprio testemunho, o Pastor Manoel Higino foi um
excelente compositor, cujos hinos fizeram parte da primeira edição da Harpa Cristã.
Ele era profundo conhecedor das escrituras sagradas, e dotado de um carisma que
dava prazer ouvir suas pregações, como dizem os que o conheceram. Eu mesmo, diz
o irmão Daniel o vi pregar em casa do irmão Francisco Sotero na rua da linha.
Durante o ministério do Pastor Manoel Higino havia muitos relatos de milagres. Certa
vez, diz o nosso entrevistado, o Pastor Antônio Costa, dirigente da Igreja
Batista em Pedro Velho, falou-me de sua admiração pelo Pastor Higino.
Ele
contou ao irmão Daniel que sua mãe estava enferma sem esperança de recuperação.
Foi quando o Pastor Manoel Higino, em uma visita pastoral, impôs-lhe as mãos e
orou em nome de Jesus restaurando lhe a saúde e prometendo que o Senhor lhe
daria mais quinze anos de vida. Como é natural, relatou ele, cumprindo-se os
quinze anos sua mãe veio falecer.
Percebemos
que o irmão Daniel Galvão, realmente conhecia bem o Pastor Manoel Higino de
Souza, ele conta ainda que dos milagres de cura divina realizados por Deus
através das orações do pastor Higino em Natal, tiveram grandes repercussão na
capital, promovendo despertamento e crescimento na Assembleia de Deus na
capital do Rio Grande do Norte.
Este texto é parte do Livro: Biografia da Igreja de Cristo no Brasil, no Contexto do Evangelismo Brasileiro do Pastor José Egberto Sátiro de Moura.
A paz do Senhor irmão Marcos
ResponderExcluirParabéns pelos excelentes textos postados, gostei bastante do texto q/ fala sobre Evangélicos, bens materiais e capitalismo, uma triste e vergonhosa realidade.
Deus o abençoe abundantemente.
Muita paz e saúde em 2012 ao irmão e toda família.
Abrçs
Demétrius A. Silva
http://ciencia-religiao.blogspot.com/
Gostei deveras desta postagem.
ResponderExcluirSou neto de Francisco Galvão de Lima, sobrinho de Josino Galvão de Lima. Gostaria de saber se existe algum material sobre o irmão de Josino, José Antônio. Ou melhor, saber que Josino tinha mais de um irmão, e, sendo o caso, se algum deles ficou em Belém do Pará para trabalhar para o governo junto aos índios do Amapá, durante a Segunda Guerra Mundial.
Obrigado.
Parabéns por tão importante publicação para a história do evangélico, relatando a vida de um dos "heróis da fé" que fizeram parte do nosso meio, pois Manoel Higino de Souza é bisavô de minha filha Antônia Clarisse(6 anos). Somos evangélicas e temos orgulho desse homem abençoado e que foi muito usado por Deus em milagres, expulsou demônios, compôs diversos hinos, pregava, etc.fazer parte da família.
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