Por Marcos Aurélio dos Santos
Muitos brasileiros e estrangeiros ficaram perplexos com a
magnitude da abertura das olimpíadas. Um show de cores, um espetáculo que
atraiu milhares de pessoas dos quatro cantos do mundo. É uma festa mundial. Nossos
atletas se preparam para as provas, cheios de orgulho e vontade de vencer, o que é louvável. Muito treino e dedicação motivados pela busca
de uma medalha ainda que com pouco incentivo e investimento do estado. Um forte
aparelhamento de segurança bem articulado, uma cena pouco vista nas ruas do Rio
de Janeiro. Então, muitos dos participantes e organizadores ousam dizer: “Está tudo perfeito! Tenho orgulho do
meu País! ”. “Essa Olimpíada vai ficar na história”! Será mesmo?
A tocha olímpica também teve grande destaque. Percorreu o
país, ainda que em meio a muitos protestos e até prisões de alguns que ousaram de
forma corajosa apagá-la sem sucesso. A segurança em torno da tocha reprimiu com
rigor os “malfeitores”. Uma tocha que percorreu o Brasil teve mais cuidado e
atenção do que um maratonista ou um boxeador que com muito esforço e
treinamento intenso busca representar com ética e amor o seu país. A tocha vale
mais do que o atleta!
A Rio 2016 é um jogo para as elites. Neste evento olímpico
não há espaço para os excluídos. Podemos dizer que a olimpíada realizada no
Brasil são os jogos dos esquecidos e sem voz. Um ingresso para assistir uma
final do futebol masculino custa em média 6.000.00 Reais, uma camiseta simples
do vôlei custa 200.00$. É um evento para
satisfazer o consumo alienado da burguesia capitalista. O custo atualizado da
Rio 2016 é de 38,26 Bilhões. Um gasto exorbitante para satisfazer uma minoria
em detrimento de milhões de esquecidos.
Em meio ao grande espetáculo
mundial e um gasto absurdo urge uma denúncia. Justiça! Faço minhas as palavras
do Rio de Paz, (uma ONG liderada pelo pastor Antônio Carlos Costa), qual o
legado para o pobre? E assim acrescento com outras perguntas: Porque bem perto
dos jogos olímpicos barracos são incendiados nas favelas, crianças continuam
sendo assassinadas, outras brincam às margens de rios poluídos cheios de lixo,outras são vítimas de bala perdida, adolescentes
são estupradas e mortas, mulheres e homossexuais são violentados brutalmente, Porque? Qual
o legado?
Certamente não haverá medalhas para os excluídos a não ser
o choro da lamentação em meio a dor. Isto porque os pobres das favelas do Rio
não querem entrar no Maracanã ou no Maracanãzinho para assistir as finais dos
jogos de volei e futebol, nem ocupar os lugares mais caros para assistir Bolt vencer todas as provas. Não! Eles
querem dignidade e respeito! Querem segurança, saneamento básico, boa alimentação,
boas escolas e hospitais equipados com bom atendimento. Eles querem justiça! Aliás, Deus
não está sendo glorificado nos jogos como ecoou em alguns discursos de atletas evangélicos
brasileiros, como também a postura do Jogador da seleção Neimar, com a faixa na cabeça que dizia 100% Jesus.
Não! Deus não é glorificado onde há injustiça, o nosso Deus é o Deus da
Inclusão!
A Rio 2016 está perfeita para a elite e grandes autoridades
do esporte e da política que insistem em fechar os olhos para enxergar o pobre,
para os egoístas que se apressam para satisfazer seus desejos desenfreados de
consumo, para os gringos que não conhecem e não vivem na pele o sofrimento do
pobre latino americano. Esta é a voz do povo! Queremos Justiça!
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