domingo, 21 de agosto de 2016

A Rio 2016: As Olimpíadas dos Excluídos



Por Marcos Aurélio dos Santos

Muitos brasileiros e estrangeiros ficaram perplexos com a magnitude da abertura das olimpíadas. Um show de cores, um espetáculo que atraiu milhares de pessoas dos quatro cantos do mundo. É uma festa mundial. Nossos atletas se preparam para as provas, cheios de orgulho e vontade de vencer, o que é louvável. Muito treino e dedicação motivados pela busca de uma medalha ainda que com pouco incentivo e investimento do estado. Um forte aparelhamento de segurança bem articulado, uma cena pouco vista nas ruas do Rio de Janeiro. Então, muitos dos participantes e organizadores ousam dizer: “Está tudo perfeito! Tenho orgulho do meu País! ”. “Essa Olimpíada vai ficar na história”! Será mesmo?


A tocha olímpica também teve grande destaque. Percorreu o país, ainda que em meio a muitos protestos e até prisões de alguns que ousaram de forma corajosa apagá-la sem sucesso. A segurança em torno da tocha reprimiu com rigor os “malfeitores”. Uma tocha que percorreu o Brasil teve mais cuidado e atenção do que um maratonista ou um boxeador que com muito esforço e treinamento intenso busca representar com ética e amor o seu país. A tocha vale mais do que o atleta!


A Rio 2016 é um jogo para as elites. Neste evento olímpico não há espaço para os excluídos. Podemos dizer que a olimpíada realizada no Brasil são os jogos dos esquecidos e sem voz. Um ingresso para assistir uma final do futebol masculino custa em média 6.000.00 Reais, uma camiseta simples do vôlei custa 200.00$. É um evento para satisfazer o consumo alienado da burguesia capitalista. O custo atualizado da Rio 2016 é de 38,26 Bilhões. Um gasto exorbitante para satisfazer uma minoria em detrimento de milhões de esquecidos.


Em meio ao grande espetáculo mundial e um gasto absurdo urge uma denúncia. Justiça! Faço minhas as palavras do Rio de Paz, (uma ONG liderada pelo pastor Antônio Carlos Costa), qual o legado para o pobre? E assim acrescento com outras perguntas: Porque bem perto dos jogos olímpicos barracos são incendiados nas favelas, crianças continuam sendo assassinadas, outras brincam às margens de rios poluídos cheios de lixo,outras são vítimas de bala perdida, adolescentes são estupradas e mortas, mulheres e homossexuais são violentados brutalmente, Porque? Qual o legado?


Certamente não haverá medalhas para os excluídos a não ser o choro da lamentação em meio a dor. Isto porque os pobres das favelas do Rio não querem entrar no Maracanã ou no Maracanãzinho para assistir as finais dos jogos de volei e futebol, nem ocupar os lugares mais caros para assistir Bolt vencer todas as provas. Não! Eles querem dignidade e respeito! Querem segurança, saneamento básico, boa alimentação, boas escolas e hospitais equipados com bom atendimento. Eles querem justiça! Aliás, Deus não está sendo glorificado nos jogos como ecoou em alguns discursos de atletas evangélicos brasileiros, como também a postura do Jogador da seleção Neimar, com a faixa na cabeça que dizia 100% Jesus. Não! Deus não é glorificado onde há injustiça, o nosso Deus é o Deus da Inclusão!


A Rio 2016 está perfeita para a elite e grandes autoridades do esporte e da política que insistem em fechar os olhos para enxergar o pobre, para os egoístas que se apressam para satisfazer seus desejos desenfreados de consumo, para os gringos que não conhecem e não vivem na pele o sofrimento do pobre latino americano. Esta é a voz do povo! Queremos Justiça!  



    

  

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