Por Marcos Aurélio dos Santos
Estamos diante de um dos
maiores fenômenos religiosos dos últimos anos no Brasil, e porque não dizer o
maior. A teologia da prosperidade já conquistou milhões de adeptos no meio
evangélico pentecostal, histórico, católico tradicional, carismático e espírita,
isto independentemente de sua permanência em sua própria denominação ou não,
visto que muitos estão sendo gradativamente influenciados por esta teologia. A
migração em massa principalmente dos adeptos do catolicismo romano, resulta em
templos superlotados onde há uma busca constante de recebimento de bênçãos materiais.
Nos casos em que o movimento é de nível de mobilização de cidades onde os
cultos são centralizados em cidades polos, são necessários espaços maiores como
estádios, ginásios ou lugares de grande concentração de pessoas.
A promessa de vida prospera
livre de doenças, dificuldade financeira e outros benefícios materiais atraem
os interesseiros motivados pelo desejo de ter. São indivíduos que não estão
satisfeitos com seu padrão de vida financeira e assim depositam seus ganhos e
sua fé no que é material, palpável e terreno, na perspectiva de um retorno
lucrativo. É a negociação da fé. No meio da multidão encontra-se também gente
sofrida, de fácil manipulação, gente pobre, gente sem esclarecimento teológico,
que até certo ponto, são vítimas da falsa proposta que lhe é oferecida. Pessoas
que não foram devidamente assistidas em suas necessidades pela Igreja e pelo
estado, e, portanto tem migrado para este movimento em busca de um alívio para
seu sofrimento.
Influenciados pelo
capitalismo misturado com a proposta tentadora da teologia da prosperidade
(venha, traga seu dizimo e Deus te abençoará!) e o desejo de ter mais, muitos
evangélicos e católicos deixam suas denominações em busca de bênçãos materiais
por não terem encontrado o que queriam de fato. Ou seja, não se sentiram
realizadas materialmente, não prosperaram, entendem que com esta mudança suas
vidas vão melhorar, tanto no aspecto material como no espiritual, isso porque a
proposta da teologia da prosperidade é a oferta do Céu aqui e agora.
O fim do sofrimento humano,
segundo essa teologia, é encontrado em uma vida farta de bens, livre de doenças
e problemas cotidianos. Não há mais necessidade de esperar o porvir, na
perspectiva de um novo céu e nova terra, pois toda esperança é depositada no
que é material.
Mas tudo não passa de engano
e delírio, pois estamos diante de uma grande mentira. Acredito que a teologia
da prosperidade é mentirosa e por isso sinto repúdio por ela. Sinto repugnância
por esta teologia, pois ela está contra Cristo e seus ensinamentos. De maneira
sutil têm levados muitos evangélicos a destruição e ruína espiritual oferecendo
uma felicidade que não existe, uma alegria temporária que resultará em choro e
ranger de dentes, pois Cristo haverá de julgar os povos com sua reta justiça
(Mt.13.42; 24.51; 1 Pe.4.15; Jd.1.15; Ap.1.4; 2Tm.4.1).
A teologia da prosperidade é
mentirosa porque manipula, ilude, nega os valores do Reino e encaminha seus
adeptos para o precipício. Como uma nuvem negra em tempos de inverno que
encobre a beleza do azul do céu, a teologia da prosperidade escurece o
entendimento dos evangélicos do que realmente é Reino de Deus, transportando-os
para uma esfera onde não há possibilidade de ver e vivenciar as bem
aventuranças ensinadas por Jesus. Desprezo essa teologia com todo o meu ser !
Acredito que é permissão de
Deus que muitos crentes que estão no meio das multidões passem pela experiência
da frustração nesses movimentos. Isso para serem provados e por sua vez
disciplinados e retornem ao primeiro amor, se arrependam, reflitam sobre a vida
cristã e que mudem sua opinião a cerca da pessoa de Jesus. É preciso fugir da avareza,
da influencia do capitalismo, do consumismo, da relação do ter. Recomeçar um
novo relacionamento com Deus numa busca de maturidade, Conhecer Deus como de
fato ele é, sem negociar, sem exigir, sem reivindicar a bênção. Em vez disso, aceitar
a teologia do contentamento quanto às questões materiais.
Como diz o apostolo Paulo: “Porque
nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele” (1Tm.
6.7). Estar contente com o que temos e dar graças a Deus. Não
ambicionar coisas altivas, mas nos conformarmos com as humildes, seguir o
exemplo de Jesus de Nazaré. As riquezas não podem sufocar a palavra que uma vez
foi semeada em nosso coração, pois esta atitude pode nos levar a uma
improdutividade de frutos (Mt. 13.22). A verdadeira riqueza está em Cristo e
suas promessas no dia de sua vinda (Ef.3.8), o lugar de ajuntamento de tesouros
não é aqui na terra pois estes estão sujeitos a perecer, mas no céu onde os
juros são altos e os valores são eternos
(Mt.6.19-24).
A teologia da prosperidade
tira dos pobres, ao passo que Jesus veio para cuidar do pobre e do necessitado
(Mt.5.3; 11.5; 19.20; Lc.6.20; Lc.14.3). A promessa é do céu aqui e agora,
Jesus diz que é no porvir. Ela diz que o crente não sofre, Jesus diz que no
mundo nós teremos aflições (Jo.16.33).
Conhecer Jesus é desfrutar
da verdadeira prosperidade. É desfrutar das promessas futuras, da bendita
esperança, da glória que nos aguarda, de o ver face a face, de reinar
eternamente com ele. Ser próspero é ter Jesus como Senhor e salvador de nossa
vida, isto é evangelho, é crer na sua encarnação onde por meio dela nos é
concedido abundante graça cheia de misericórdia, amor, perdão, acolhimento, é
colocar os valores do Reino, acima dos valores terrenos (Mt.6.26-33), é se
esforçar na vida diária na prática das bem aventuranças (Mt. 5.4-13), ser
prospero é viver uma vida que imita a Cristo.
A questão é desafiadora,
pois estamos diante de uma realidade onde a pregação dessa teologia de maneira
sutil tem se infiltrado no pensamento e na expressão de fé de muitos evangélicos.
Certamente, quem aceitar estas verdades Bíblicas, nunca ficará frustrado e
jamais cairá em precipício, pois ao contrário da enganosa teologia da
prosperidade, o nosso Deus é fiel e verdadeiro para cumprir com suas promessas.
Que o Senhor continue operando atraves de ti, abraco...Paz
ResponderExcluirAméeen . ezequiel 34 .-
ResponderExcluirAcho estes textos excelentes, acho que eles deviam ser impressos e distribuídos dentro dos ônibus, dos metrôs, nos sinais, nas praias, nos restaurantes....As igrejas evangélicas viraram grandes negócios, deixaram de ser instituições acolhedoras, foram transformadas em clubes sociais, hoteis de luxo. Os pastores deixaram de ser aconselhadores, protetores, para serem palestrantes, escitores, cantores, querem brilhar mais do que JESUS CRISTO. As igrejas estão cheias de pessoas vazias, de pessoas pobres buscando a prosperidade prometida, e de pessoas ricas querendo a custa de altas ofertas e patrocinando conforto aos pastores salvar suas riquezas. O capitalismo começa dentro das igrejas, pregada por aqueles que deviam fazer com que as pessoas desejassem menos coisas materiais....enfim, oremos muito....
ResponderExcluirMuito excelente este texto/advertência. O semestre passado estivemos estudando sobre a teologia da prosperidade e seus males na RBD. Foi um assunto muito esclarecedor e havia muito interesse dos alunos, com boa frequência e participação dos mesmos.
ResponderExcluirSou evangélico à quase dez anos e não me lembro de um pastor pregar ou ensinar sobre este texto bíblico.porque?
ResponderExcluirQuando tiverem separado o dízimo de tudo quanto produziram no terceiro ano, o ano do dízimo, entreguem-no ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que possam comer até saciar-se nas cidades de vocês.
Depois digam ao Senhor, ao seu Deus: "Retirei da minha casa a porção sagrada e dei-a ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, de acordo com tudo o que ordenaste. Não me afastei dos teus mandamentos nem esqueci nenhum deles.
Deuteronômio 26:12,13