segunda-feira, 6 de maio de 2013

O Evangelho da Religião e o de Cristo

Por Alcides Silva

Por que o evangelho que vivemos não se parece com o de Jesus?
O evangelho de Jesus nos perdoa de toda injustiça, já o nosso impõem culpa, julga, dá sentenças amargas e pesadas; 
O Evangelho de Jesus oferece libertação, o nosso, no máximo, uma bênção especial;

O Evangelho genuíno anuncia a crucificação, o nosso estampa na TV, rádio e internet a glória, o esplendor e a exuberância adquiridos pelo mau uso da fé alheia;

O Evangelho do Novo Testamento aponta para Cristo como centro de tudo e razão de existência de tudo, já o nosso seduz cada vez mais homens e mulheres a ser sempre cabeça e nunca cauda.

O Evangelho do Mestre deu preferência aos desvalidos, marginalizados, pequenos, carentes, ao autêntico... às pessoas e nunca às coisas, entretanto nossa forma de ver as boas novas é a coisificação das pessoas, numerização, e como se não bastasse, personificando as coisas, os ritos, os dogmas.


O evangelho do Reino de Deus é gracioso, funciona de dentro pra fora. Postura de um tratamento de Deus numa criatura arrependida, renascida, transformada à imagem do Filho; o evangelho que difunde-se, muitas vezes, é o da fuga da aparência, o de mascarar realidades com religiosidade inútil, que, igual a Adão, vive buscando alguma coisa pra esconder e/ou justificar sua nudez.


O Evangelho da Cruz de Cristo é aquele que escandaliza e é preterido pela maioria. Não tem pretensão de agradar. Anuncia o sofrimento e o martírio como auge da carreira cristã; contudo o nosso não para de reproduzir líderes midiáticos e possuidores de uma fortuna terrena capaz, inclusive, de ter jatos particulares e mansões históricas do Brasil colônia.


O Evangelho que vi na Carta aos Hebreus apresenta Jesus como mediador, rei, juiz, sacerdote, cordeiro. O evangelho pós-moderno anuncia homens com capacidades espirituais jamais vista ao longo dos tempos. Líderes gurus, pajés, guias espirituais que tem poder de “decretar palavras de destino para o fiel”, mas apenas mediante fidelidade financeira.


No Evangelho do Nazareno a igreja era um grupo de pessoas remidas, reconhecedoras de seu estado pecaminoso e decididas, pelo Espírito Santo, à renuncia da vida de escravidão; Ao longo dos séculos nosso evangelho conseguiu reduzir a fantástica obra redentora de Deus, por Cristo, em uma mera instituição religiosa ou um templo infestado de clérigos que mais parecem senhores feudais, que “em nome do Jesus que Paulo prega[Atos 19.13b]” normatizam os ritos, sacramentos e outras coisas mais que só constam nos estatutos denominacionais.


Sou tentado a acreditar que em algum instante dessa leitura você chegou a acreditar que esse “nosso evangelho” é realidade e existe de fato nas nossas congregações. Que bom que esse texto é apenas uma ficção. Mas você parou pra perguntar se esse pseudo evangelho pode chegar até nós? Abra bem o olho. De repente você acaba comprando gato por lebre.


Se existe uma maldição que a Bíblia vaticina de verdade é essa: “Ao qual seja dada glória para todo o sempre. Amém. Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.” Gl. 1.5-7.

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