Por Valdir Davalos
Diversos movimentos pentecostais têm
surgido ao longo dos anos. Portanto, é preciso saber distinguir o verdadeiro do
falso pentecostalismo. O conhecido movimento denominado neopentecostal surgiu
nos meados do século XX. O neopentecostalismo se propôs a dinamizar as práticas
litúrgicas, a cristologia, a eclesiologia e a prática hermenêutica. No que diz
respeito à prática litúrgica, o neopentecostalismo apresenta um problema dos
mais graves. Em seus cultos, as campanhas de cura, prosperidade material, saúde
e revelação têm proeminência. A preocupação maior não é a glória de Deus, mas
as necessidades humanas focadas por uma ótica hedonista.
O slogan das igrejas neopentecostais é:
“Você nasceu para vencer”. É uma frase elegante e até estimula nossa vida
diária, mas está teologicamente errada. Nós não nascemos para vencer. Nascemos
para servir e glorificar a Deus. Nascemos para viver com Deus e para Deus. O
alvo da nossa vida como servos do Senhor, deve ser Deus e não nós mesmos, e não
nossos projetos pessoais. O crente verdadeiro tem um único projeto: glorificar
a Deus em sua vida com sofrimento ou sem sofrimento, com revezes ou sem
revezes. Os mártires da igreja se viam a si mesmos como secundários e Deus como
o prioritário, por isso glorificaram a Deus em seus sofrimentos. Nos cultos
neopentecostais o homem é o foco, é a causa e a razão. O homem é o centro do
culto e Deus torna-se servo. A liturgia neopentecostal toma uma direção
totalmente horizontal. Um slogan bastante usado pelos líderes neopentecostais
é: “Aqui o milagre é coisa natural”. Ora, se é natural não é milagre. Ademais,
esses líderes esquecem que o culto deve expressar a natureza espiritual da
igreja e seu relacionamento com Deus.
A liturgia de um culto deve enfatizar o
senhorio de Jesus e não apenas Jesus como provedor de necessidades humanas. O
culto neopentecostal é pobre de Bíblia. A Bíblia não é central é periférica. As
pregações são cheias de chavões positivos do tipo: “Deus tem uma vitória para
você nesta noite”, “O gigante será derrotado nesse culto”, “Use a fé e
prospere”. Enfim, é uma epidemia de confissões positiva e pouquíssima Bíblia.
Dificilmente se ouvirá uma mensagem sobre perdão de pecados, a necessidade de
arrependimento, vida de renúncia e a volta de Jesus nos púlpitos neopentecostais.
Os sermões neopentecostais mostram um
Jesus fraco e demônios fortes. Mostram um Jesus que salva, mas não tem poder
para encher a vida da pessoa. Tanto isso é verdade que na visão neopentecostal
o crente continua de quando em quando sendo possesso de demônios. Há uma
supervalorização dos demônios chegando às raias do ridículo: “Comece a se
manifestar pomba gira”, “Manifeste-se exu tranca-rua” são frases que saem da
boca dos gurus neopentecostais.
O clima de um culto neopentecostal é de
lavagem cerebral pela técnica de repetição de frases curtas: “Olhe para seu
irmão e diga…” Não é um clima de ensino e doutrina. A técnica é de manipulação
e de despersonalização. A letra dos cânticos nos cultos neopentecostais
expressa uma linguagem mística, e muitas vezes esotérica, sem abordar as
verdades fundamentais da teologia cristã. Os grandes temas da fé como a
salvação, a cruz, a redenção e a justificação não são mencionados nos cânticos.
A realidade é que se espremermos a maioria dos cânticos neopentecostais não dá uma
colher de sopa de doutrina. As letras das músicas são guisados de Jacó que
trazem malefícios à fé apostólica. Falam de paz e amor para elevar o ego dos
ouvintes. Quanto à cristologia constata-se claramente que a pessoa de Jesus se
esvanece no neopentecostalismo.
O Cristo dos neopentecostais é uma
pessoa decorativa, é uma pálida caricatura do Cristo do Novo Testamento, pois o
nome de Jesus é mostrado como se fosse uma senha para acessar o site das
maravilhas e fazer o download do milagre de que se necessita. O Jesus dos
neopentecostais é mostrado não como a segunda pessoa da trindade, mas como um
mágico, um talismã, um nome a manipular, um dístico. Tanto isso é verdade que a
ênfase teológica do neopentecostalismo não é cristológica, mas pneumatológica, ou
seja, a pessoa de Jesus é apagada e a ênfase é dada ao Espírito Santo. Para os
pastores neopentecostais, Cristo é o canal para nos trazer o Espírito Santo,
quando na verdade é o Espírito Santo quem nos conduz a Cristo e que desvenda a
pessoa de Cristo ao fiel. Quando a cristologia é fraca a soberba do homem é
grande. A palavra de João Batista “Importa que Ele cresça e que eu diminua” não
encontra espaço no neopentecostalismo.
Os líderes neopentecostais se vêem como
mediadores entre Deus e os homens. Sua palavra supera o valor das Escrituras.
Eles disputam espaço com Cristo. Eles gritam: “Eu senti no meu coração e
pronto”, ou seja, se sentiu no coração é verdade absoluta. Esquecem esses
líderes que não é que nós sentimos em nosso coração, é o que a Bíblia diz. Se
sentirmos de uma maneira, e a Bíblia disser de outra, nós é que estamos
equivocados, e não a Bíblia.
Os crentes antigos oravam assim:
“Senhor me esconde atrás da cruz de Cristo”, os líderes neopentecostais
trocaram a oração por: “Senhor esconde a cruz de Cristo atrás de mim”. De
acordo com as Escrituras o verdadeiro pastor pregar a obra de Jesus, mas os
pastores neopentecostais completam a obra de Jesus, ou seja, Jesus só produz
efeito na vida de uma pessoa através da “oração forte” que eles fizerem. Só
eles têm poder sobre os demônios, só eles têm “a chave da oração forte”. Eles
são o Sumo-Sacerdote e Jesus é apenas um ente espiritual. Nesse contexto, Jesus
precisa ser reforçado pela “oração forte” de um guru neopentecostal. O
neopentecostalismo é maléfico, pois apresenta um Evangelho descorado onde as
visões e revelações estrambóticas é o referencial para o crescimento
espiritual.
Enfim, o neopentecostalismo é um
desserviço ao Evangelho.
Fonte: Monergismo.com
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