Por Marcos Aurélio Dos Santos
Quando andavam pelo caminho, um homem lhe disse: "Eu
te seguirei por onde quer que fores". Jesus respondeu: "As raposas
têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem
onde repousar a cabeça". A outro
disse: "Siga-me". Mas o homem respondeu: "Senhor, deixa-me ir primeiro
sepultar meu pai". Jesus lhe disse:
"Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e
proclame o Reino de Deus". Ainda
outro disse: "Vou seguir-te, Senhor, mas deixa-me primeiro voltar e me
despedir da minha família". Jesus
respondeu: "Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o
Reino de Deus”. (Lc 9.57-62.NVI).
Todo indivíduo que pretende seguir a Cristo certamente
deve calcular o preço do discipulado. Ele deve tomar e levar a cruz do dia a
dia (Lc 9.23) deverá perder primeiramente a sua própria vida para poder
ganha-la (Lc 9.24-25) e nunca deverá se envergonhar das palavras de Cristo (Lc
9.26). O chamado para o discipulado é um
chamado de renúncia, na qual o novo homem é desafiado a viver um novo estilo de
vida, a saber, uma nova vida que imita Cristo, caminhando para o alvo da
perfeição, desejando ser semelhante ao seu Mestre ( Ef. 5.1; 1Cor. 11.1; Hb 10.14).
O médico Lucas em seu evangelho relata neste texto o
diálogo de Jesus com três pretendentes seguidores. O primeiro euforicamente
entusiasmado desejava seguir a Jesus por todos os lugares (v 57), mas Jesus lhe
advertiu sobre o desafio de desprender-se de bens terrenos e passar a valorizar
os benefícios celestiais oferecidos por ele por intermédio de sua maravilhosa
Graça (v.58).
Deveria segui-lo
não porque ele alimentava as multidões com pão e peixe, libertava os cativos, curava os enfermos,
leprosos e fazia milagres, mas porque ele era o Cristo, o Senhor e Salvador do
mundo, o Deus encarnado. Segundo a resposta de Jesus, ao que parece, Provavelmente
aquele homem buscava a Cristo para satisfazer seus próprios interesses,
certamente motivado pelos desejos terrenos que de alguma forma o influenciou a
procurar Jesus por razões interesseiras. Veja também Mt. 6.25-34
O segundo pretendente coloca uma condição. Ele deseja
primeiro sepultar o pai. No pensamento da tradição judaica, sepultar o pai resultava em
recompensa tanto nesta vida, como na vida vindoura e certamente o candidato
judeu cria na tradição. Mas Jesus aponta para a urgência da anunciação do
evangelho. Ele diz: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu
porem vai e anuncia o Reino de Deus (v.60).
A propagação do Reino de Deus estaria acima de toda
tradição religiosa. Os ritos, as festas, os dias, o culto no templo, em fim,
tudo deveria tomar um novo aspecto com a chegada de uma nova era, a instalação
de um Reino onde a Graça salvadora de Cristo invadiria os corações dos
homens (Mar.12.33; Lc.10.27;Jo.4.24). A chegada do novo Reino almejava novos
horizontes, novas perspectivas, Estava chegando as Boas Novas do evangelho em Cristo Jesus.
Jesus insiste em dizer que para ser discípulo, o
indivíduo deve enxergar o novo, pois todas as coisas se fizeram novas e o velho
homem foi sepultado. Nele, o velho seria renovado (Cl. 3.10). A resposta do
candidato ao discipulado pedindo um tempo para resolver suas questões
religiosas, demonstra sua falta de chamada e despreparo para ser discípulo.
Jesus rejeita os querem segui-lo colocando os valores terrenos acima dos
valores espirituais.
O terceiro também sofre rejeição da parte de Jesus. O
“discípulo” coloca a condição de primeiro despedir-se de seus familiares
(v.61). Em resposta, Jesus afirma que aquele que uma vez lança mão do arado
( que passa a servir na seara) e olha para traz, não está apto para ser discípulo
(v62). Olhar para traz implica em olhar para o velho homem e com remorso
desejar retornar a velha vida. Veja Gn. 19.26. O verdadeiro discípulo deve
estar disposto a se despir do velho homem e revestir-se do novo (Ef. 4.24), caminhando
para uma maturidade que o leve a refletir a imagem de Cristo em sua vida. Olhar
para traz o torna o pretendete desqualificado para ser aluno da escola do mestre Jesus
Cristo, nosso Senhor e Salvador.
A igreja evangélica brasileira de nossos dias tem um
grande desafio pela frente. Gradativamente os evangélicos vêm perdendo sua
identidade de verdadeiros discípulos. Calcular o preço é uma idéia que está
distante das convicções doutrinárias de muitos crentes. Muito de nossos sermões
são programados e elaborados para satisfazer o gosto da clientela, pouco de fala sobre arrependimento, vinda de Cristo, arrebatamento, santificação,
maturidade cristã, ao contrario, a pregação deve trazer palavras de benção, de preferência,
benção material, sem falar nos apelos em sermões da teologia da prosperidade
que extrapola o bom senso, oferecendo o evangelho de Cristo, como se fosse
mercadoria vendida em qualquer mercado.
Euforicamente apressamo-nos para realizar nossas festas eclesiásticas,
mas a passos de tartaruga pretendemos pregar as boas novas do Reino, acolher os
necessitados, visitar os enfermos. Há ausência de prioridade quanto às coisas do
Reino, sempre têm algo relacionado a esfera terrena em primeiro lugar para
realizar. Grande é este desafio.
Precisamos urgentemente retornar ao primeiro amor. Voltar
às catacumbas, buscar primeiro o Reino de Deus e sua justiça, calcular o alto
preço que foi pago mediante o sacrifício vicário de Cristo, buscar a santidade,
o amor, a compaixão, a paz, o poder do Espírito para testemunhar de forma
eficaz o nome de Cristo, fazer diferença como verdadeiros discípulos
demonstrando as virtudes Cristãs no acolhimento, no servir, no compartilhar, na
hospitalidade, no afeto e nos atos de misericórdia.
Que possamos encarar esse desafio como benção para nós
aguardando diligentemente a vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo que
pela sua maravilhosa graça nos deu vida eterna. Toda honra e toda glória seja
dada a ele pelos séculos dos séculos, Amém.
O famigerado pósmodernismo vem destruindo aos poucos nossos conceitos e valores; somos mercadorias nas mãos dos mercenário. De fato é urgente uma retomada de nossos principios doutrinários: Sã doutrina, ortodoxia e uma atitude real de buscar a vontade de Deus em nossos dias. E o o espírito do tempo não nos consuma.
ResponderExcluirE surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.
ResponderExcluirE, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.
E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.
Mateus 24:11-14
Hudson Taylor