sábado, 18 de junho de 2011

O ILuminismo e seus Perigos Para a Fé Cristã


 Por Marcos Aurélio Dos Santos


O iluminismo, movimento que surgiu na França no século VXII, também chamado de século das luzes, surge em uma época em que a sociedade estava vivenciando um momento obscuro quanto ao livre pensamento e a razão. Era o chamado período de trevas onde havia carência de iluminação na mente da sociedade na Europa.

Vejamos o que diz Caio Pignaton:

"O iluminismo defendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominava a Europa desde a idade média.
Segundo os filósofos iluministas, esta forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade".

Kant, um dos principais pensadores do iluminismo disse:

"O iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que eles mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outro".
Apesar de o iluminismo ter contribuído no desenvolvimento da sociedade européia, onde a razão deveria explicar muitas questões que estavam obscuras, ele trouxe sérios perigos para a fé cristã.

Influenciados pelo pensamento de que tudo deveria ser explicado pela mente humana, muitos cristãos defenderam a idéia de que a Bíblia deveria estar submissa ao crivo da razão.
Então, tudo que não fosse explicado racionalmente de veria ser descartado.

Esse pensamento formou uma teologia antropocêntrica, racionalista que desprezava a Bíblia e abraçava a razão humana. As Escrituras Sagradas foram submetidas ao limitado  pensamento humano. Tudo que não fosse provado cientificamente deveria ser rejeitado. Não havia mais espaço para oração. A razão humana tragou a fé. Milagres, doutrinas como nascimento virginal de Cristo, Céu, Anjos, Inferno, ressurreição e muitas outras verdades bíblicas, foram totalmente rejeitadas simplesmente pelo fato da razão humana não aceitar o que não fosse provado à luz do saber.

O racionalismo teológico que afetou gravemente a fé dos pensadores cristãos da época da renascença desembocou em um desprezo pelas Escrituras. Para muitos, a Bíblia não era mais palavra de Deus. Mais adiante surge então a alta crítica na tentativa de questionar a veracidade dos textos sagrados. Teólogos liberais chegam a perigosa e lamentável conclusão de que a Bíblia contém a palavra Deus, e portanto negaram sua  inspiração.
Acreditamos que o iluminismo exerce certa influência nas igrejas de nossos dias, como no caso da teologia da libertação.

A influência está em apontar a razão como meio de libertação para o homem. Essa linha de pensamento entende que o pecado original não afetou o homem totalmente e, portanto sua mente não foi afetada pelo pecado. Então, entende-se que o homem pode ser educado, num processo de formação de caráter. Foi esse tipo de pensamento que influenciou a teologia da libertação que prega que a libertação do homem se dá através da socialização por meio da educação.

O cristianismo secularizado de nossos dias tem produzido lideres eclesiásticos centrados em um antropocentrismo.
Lideres na busca de um crescimento numérico em suas igrejas desprezam a direção do Espírito Santo para abraçarem estratégias humanas em seus métodos de evangelização.

Jogada de marketing, Cruzadas “evangelísticas” com ênfase no pastor fenômeno que pelo poder da palavra, muitas almas serão alcançadas. Métodos de crescimento baseado em uma lógica de mercado, onde deve haver esforço dos líderes eclesiásticos em satisfazer o evangelho consumista das massas.
Concentrações em massa onde Pastores, Bispos, missionários e até mesmo “apóstolos” farão grandes prodígios em nome de Deus.

A lógica de mercado, onde quem prevalece na disputa por adeptos para sua denominação é aquele que desenvolve em sua igreja uma boa administração. Pregação agradável aos ouvidos da clientela, Liderança arrojada onde os mesmos vivem uma auto pressão na busca de resultados imediatos.  No final, sai vencedor aquele que atrair maior clientela.  

Estas e outras formas semelhantes de manifestações antropocêntrica refletem a influência do iluminismo nas igrejas brasileiras.  
A razão humana em detrimento da fé cristã se manifesta também de outras maneiras em nossos dias.

Nossa ênfase no saber das escrituras, nosso desprezo à vida de oração, as dúvidas que por algumas vezes pairam sobre nós, quanto às manifestações sobrenaturais em nossas igrejas, principalmente no meio pentecostal, que por muitas vezes enxergamos com atitudes preconceituosas.
A fé não anula a razão, mas como disse Agostinho:
Creio para compreender. A fé tem seu campo, assim como a razão tem o seu.  

Somos desafiados a viver um cristianismo reflexivo, no qual todo cristão pode e deve ser um pensador, mas é prudente entender que a razão jamais terá poder de policiar a fé. Há necessidade de explicação, mas tudo deve estar submisso a revelação maior, a saber, Cristo, o  Gr. Logos = Palavra (Jo.1.1,2).

O racionalismo teológico pode levar o indivíduo a colocar o homem como centro da revelação divina.
Como diz René Padilha em seu livro missão integral “o cristianismo secular é uma religião antropocêntrica que diz ao homem unicamente o que este quer ouvir”.

Outros perigos do iluminismo que podemos citar é o universalismo, que prega que todos serão salvos mediante o sacrifício de Cristo, o relativismo onde diz que todos os caminhos levam a Deus, e o inclusivismo onde ensina que todos que busquem a Deus sinceramente serão salvos por Cristo sem necessariamente conhecer o seu nome.

Por fim, deve haver equilíbrio entre fé e razão. A ênfase na razão humana resulta em racionalismo teológico, levando o cristão para um caminho obscurecido, distante de uma experiência pessoal com o Deus todo poderoso, ao passo que não explicar a fé pode formar cristãos alienados, sem argumentos para explicar a razão de sua fé em Cristo Jesus.

11 comentários:

  1. parabéns pelo trabalho em prol da defesa da fé, e da palavra de Deus. Dixon

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  2. Marcos, quanto ao conteúdo textual, parabéns. Sugiro apenas uma observação gramatical no segmento que diz: "que eles mesmos se impuseram a si". Creio ficar mais formal deixar o texto sem esse "a si", que é menos reduntante.

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  3. Muito boa a reflexão sobre a questão. Realmente alguns conceitos iluministas aplicados à Igreja e a Teologia trouxeram grandes transtornos. A valorização excessiva e desmedida da razão em detrimento da fé (mesmo que alguns iluministas afirmassem crer em Deus) abalou o bom equilíbrio entre as duas posições. Razão e Fé não são excludentes, mas penso que se completamn para um bom entendedor e, como bem escreveu, o racionalismo teológico foi um dos resultados desse desequilíbrio. Já a crítica ao absolutismo, (mesmo entendendo que em algumas questões, é procedente) quando aplicado no âmbito da vida cristã e dos principios, valores e doutrinas bíblicas não encontra aplicação adequada. Onde tudo é subjetivo, não se encontrará razão que se sustente.
    Infelizmente, muitos desses conceitos e pressuposições iluministas influenciaram e influenciam a sociedade e filosofia pós-moderna atual. E o liberalismo teológico e o antropocêntrismo atual vem "surfando nessa mesmo onda" causando confusão e questionamentos a mentes imaturas, preguiçosas e desavisadas. Deus nos ajude a combater essas e outras filosofias que se infiltram em nosso meio. Parábéns pelo texto. Abç e Deus o abençoe.

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  4. a fé deve vir antes da razão,mas não podemos deixar que a nossa fé vire fanatismo, pois quando isso acontece há um grande perigo para opovo evangélico ser desacreditado.

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  5. Muito bom, meus parabéns.
    Me ajudou muito a entender o assunto e consegui fazer um bom trabalho escolar.

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  6. “A verdade histórica é a mais ideológica de todas as verdades científicas [...] Os termos de subjetivo e de objetivo já não significam nada de preciso desde o triunfo da consciência aberta [...]. A verdade histórica não é uma verdade subjetiva, mas sim uma verdade ideológica, ligada a um conhecimento partidário”. (ARON cit. por Marrou, s/ data, p. 269)

    Se a fé nunca dependeu da história, porque fazem tanta questão desta última? Por que insistem em preservar essa bruma que envolve os primeiros séculos do cristianismo? Não devia ser assim. No entanto, quando fazemos uma aproximação dos fatos com fatos e não com ideias, é possível outra conclusão.

    http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/paguei-pra-ver

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  7. então o que faço, eu não gosto de aceitar os dogmas da igreja, porém acredito em Deus e Jesus, posso me dizer um Iluminista que adora a Deus e Jesus sem aceitar os dogmas e Bíblia? Seguindo esse pensamento será que vou para o céu?

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    1. Ninguém precisa aceitar dogmas da igreja pra ir ao céu, porque o que te leva ao céu não são ações, é colocar sua fé no sacrifício de Cristo e entender que ele morreu pra te salvar da condenação eterna, se sacrificando pra pagar pelo seu pecado. (Leia Efésios 2:8). Ai, só então os "dogmas" da Bíblia vão ter algum valor pra nós.

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  8. Gostei muito do texto, estou fazendo pesquisas para um trabalho, porém não consegui saber ao certo quem é Caio Pignaton,gostaria de saber um pouco de sua biografia. Desde já agradeço.

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