Por Marcos Aurélio Dos Santos
“O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta. Em verdes pastagens me faz repousar e me conduz a águas tranquilas; restaura-me o vigor. Guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome. Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem. Preparas um banquete para mim à vista dos meus inimigos. Tu me honras, ungindo a minha cabeça com óleo e fazendo transbordar o meu cálice. Sei que a bondade e a fidelidade me acompanharão todos os dias da minha vida, e voltarei à casa do Senhor enquanto eu viver” (Sl 23.1-6. NVI).
Dos salmos escritos pelo
pastor-rei, este certamente é um dos mais desafiadores para nós. É o Salmo que
apresenta o Deus-pastor. Davi usa as metáforas do pastor, da ovelha e do
hospedeiro para expressar uma verdade bíblica. Deus na pessoa de seu filho
Jesus Cristo é o Pastor que dá a vida por suas ovelhas (Jo.3.10-16).
No texto acima citado, o
Deus que pastoreia se revela como aquele que apascenta o seu rebanho. Isto
implica em exercer cuidados como, alimento, água, tratamento de possíveis
ferimentos, os cuidados com a lã e proteção contras as feras predadoras. Nisto,
de nada as ovelhas terão falta (v.1). Assim como o pastor humano cuida das
ovelhas, Deus haverá de cuidar de cada um, e isto de forma exclusiva. Como diz
nosso o amado Ariovaldo Ramos: O nosso Pastor é assim: nos mantém em unidade
enquanto sustenta, em cada uma de nós, à particular identidade!
Na imensidão do rebanho que
está sobre os cuidados do sumo Pastor, ele cuida de cada um de maneira pessoal
e exclusiva. Todos fazem parte do mesmo rebanho e são pastoreados por um único
Pastor, preservando assim a unidade, numa relação intima e profunda com o
rebanho. Ele conhece de maneira individual as necessidades de todos, isto
porque ao contrário de alguns pastores humanos, o pastorado de Deus é para
todos. Ele não tem predileto. Todos de maneira pessoal podem buscar um
relacionamento com ele, lançando sobre ele suas ansiedades, dores, perdas,
conflitos, frustrações, falta de animo, em fim, tudo que uma ovelha necessita
para sobreviver e seguir em frente na busca da espiritualidade.
No sustento das ovelhas há
fartura de pasto verde e água em abundancia (v.2). As ovelhas deste pasto
jamais passarão privações de fome e sede, pois é Cristo que as sustenta. Ele é
o pão da vida e a água viva que jorra para a vida eterna (Jo. 6.48; 4.10,14).
Uma vez alimentados por Cristo pro meio da revelação em sua palavra, as ovelhas
poderão se fartar dos benefícios oferecidos pela maravilhosa graça de Deus
revelada na pessoa Jesus Cristo. Serão nutridos com vitaminas e carboidratos
espirituais fornecendo assim energia e vigor para que possam prosseguir na
caminhada. A reflexão das escrituras acompanhada de oração, nos levará a termos
um relacionamento profundo e sincero como o nosso Pastor, desfrutando assim dos
seus cuidados.
Aqueles que pretendem seguir
o Pastor e fazer parte do rebanho deverão estar informados de que a prioridade
aqui não é o suprimento material e sim o pão vivo e a água viva que sustenta a
vida espiritual do rebanho. Mesmo estando sobre os cuidados pastorais de
Cristo, não estamos imunes ao sofrimento, provações, perseguições e tribulações
no decorrer da caminhada (v.4). Como ovelhas sempre estaremos sujeitos aos
perigos que rondam ao nosso redor. Como um lobo devorador que procura atacar e
dispersar o rebanho, as ovelhas não estão livres dos falsos ensinos que são
proliferados pelos falsos mestres e profetas contemporâneos.
Deus em sua infinita
misericórdia utiliza dois instrumentos indispensáveis a um pastor. A saber, o
cajado e a vara. O primeiro serve para guiar, ajuntar as ovelhas para que elas
não se dispersem pelo caminho e ao entardecer não retornem ao curral. O Pastor
dos pastores sempre se esforçará para manter a unidade do rebanho, com desejo
de que todos estejam juntos e em lugar seguro levando suas ovelhas para perto
de águas tranquilas, onde os animais ferozes não tem o hábito de visitar para
saciar sua sede voraz.
Em trilhas perigosas, onde o
pastor poderá encontrar vestígios ou informações da presença de animais
ferozes, ele se utiliza da segunda ferramenta. A vara. Esta, ao contrario do
cajado que tem a ponta encurvada, para não machucar a ovelha, mas apenas
guia-las e trazê-las para perto do rebanho, tem sua ponta aguda e afiada para
afugentar os animais selváticos, como lobos, leopardos, e outros.
Semelhantemente acontece no pastorado de Deus. As ovelhas poderão andar por
lugares sombrios e perigosos onde os lobos disfarçados com pele de ovelha
tentarão atacar e se possível destruir a fé do rebanho oferecendo e divulgando
falsos ensinos. Estes não são pastores, mas mercenários disfarçados (Jo.10.12).
O supremo pastor afugentará
o lobo devorador, e nos guiará para lugar seguro. É lamentável alguns dos
pastores humanos se utilizando apenas da vara, não para afugentar e enfrentar
corajosamente os animais ferozes, mas para maltratar, ferir e dispersar as
ovelhas de Deus.
É bom lembrar que não somos pastores, mas apenas coo pastores,
cooperadores de Deus no cuidado do rebanho, pois Cristo é o único pastor. Não
há “pastor ungido”, pois o único é o Cristo (em
grego Χριστός, Christós, "O Ungido" ou "O Consagrado").
O fato é que todos nós
pastores estamos debaixo da unção de Cristo, totalmente dependentes dele. Ai
dos pastores que não se submeterem ao pastoreio de Cristos, pois ele é o nosso
único e suficiente Pastor (Ver Ez.34).
Enquanto suas ovelhas estão
trilhando por caminhos perigosos, ao mesmo tempo Deus nos honra com um farto
banquete na presença dos nossos inimigos regado de unção com óleo (v.5). Uma
maneira de liberar para as ovelhas em tempos de tribulação acolhimento e
conforto. No oriente antigo, era comum a
pratica de ungir os hospedes com óleo dando-lhes uma sensação de segurança e conforto,
prática atribuída por parte dos anfitriões. Assim também é o nosso Pastor. As
portas de sua casa estão sempre abertas para receber e acolher suas ovelhas e
assim fazer morada eterna nele (v.6). Aqui, é revelada a experiência da dupla
habitação.
Deus habitando dentro de nós, visto que somos morada de Deus
(Ef.2.22) e nós habitando dentro dele (Sl.23.6), e é por esta razão que o
pastoreio é também exclusivo e individual pois habitando em nós, Deus conhece
de forma total e completa a profundidade de nosso ser. O tratamento, a unção
com óleo para cicatrizar as feridas de possíveis ataques de animais, acontecem
em meio a esta profunda e maravilhosa relação do humano com o eterno.
Este pastoreio é eterno.
Enquanto nossa função pastoral é temporal, limitada e cheia de falhas, sempre
necessitada de aperfeiçoamento, o pastoreio de Cristo é perfeito e eterno. Ele
cuidará de nós tanto do lado de cá, como do outro lado da eternidade. Estas são
as promessas pastorais reveladas em sua palavra, ele cuida e sempre cuidará.
Ainda que sejamos abandonados pelo pastor humano, o Deus-pastor cuidará de nós
por toda a eternidade. Seu desejo é que caminhemos nesta direção, estar à
disposição do pastor eterno para ser pastoreado por ele, e pastorear seu
rebanho juntamente com ele, não com a pretensão de ser dono do rebanho, mas
estar apto para servir como cooperadores do Reino, no exercício da
fraternidade, do perdão, do suportar uns aos outros, do acolhimento, do
apascentamento.
Quero sempre aceitar o
pastoreio de Cristo, pois sem seus cuidados haverei de perecer, sem sua
proteção estarei vulnerável aos ataques dos lobos ferozes, sem seu cajado para
me guiar não encontrarei caminho seguro, sem seu amor pastoral não chegarei ao
fim. Oh quão grande é este pastoreio. Quero sempre e sempre fazer parte deste
rebanho. Ao Deus toda a Glória!
BIBLIOGRAFIA:
BÍBLIA SAGRADA. Bíblia de
estudos Shedd. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1998. 1786 pp.
BÍBLIA SAGRADA. Bíblia de
estudo de Genebra. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 1999. 1710 pp.
DICIONÁRIO BÍBLICO
UNIVERSAL. Rev. R. Buckland,
M.A, Rev. Dr. Lukyn Willimas. EUA: Ed. Vida Nova, 1981. 453 pp.
BÍBLIA NVI. (Nova Versão
Internacional)
SITES:
ariovaldoramos.blogspot.com
pt.wikipedia.org
Maravilhoso é o cuidado paternal de Deus.
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