sexta-feira, 29 de março de 2013

Você Acredita na Igreja ?


Por Marcos Aurélio Dos Santos

Vivemos tempos difíceis no que se refere a viver em comunidade. Tem-se observado uma parcela considerável de evangélicos que deixaram suas denominações e que não querem mais fazer parte delas. Dentre as muitas razões estão: O sistema religioso e seus controladores, as diferentes linhas teológicas onde há uma fragmentação da mesma, a busca da relação do ter em detrimento do ser nos relacionamentos com Deus, os produtos disponíveis nas prateleiras do mercado religioso, a exaustão nas praticas de formalismo e tradicionalismo nos culto de algumas igrejas. 

Estes e outros fatores têm levado muitos evangélicos a se distanciarem de suas denominações preferindo viver uma espiritualidade sem religião. Alguns vivem um tipo de espiritualidade “Robinson Crusoé”, ilhados em seu gueto espiritual, outros se organizam em casas, ou até mesmo em cafeterias e lugares semelhantes onde geralmente se reúnem para a prática de orações, louvor e estudo da palavra. 

Entre os “Sem Igreja” encontramos uma boa parte dos que carregam um sentimento de frustração quanto a Igreja – instituição. Frustrações que foram resultado dos absurdos praticados principalmente por líderes dessas instituições religiosas. Podemos citar alguns: Abuso de poder onde tais líderes manipulam os que estão sobre sua tutela, ausência de democracia proibindo a liberdade de pensar, líderes com personalidade egolátrica (estes desejam que tudo e todos girem em torno dele sobre seu controle). 

A frustração na maioria dos casos vem de uma expectativa de uma liderança apascentadora, com desejo de Servir aos irmãos e a comunidade. Práticas que lamentavelmente encontramos em poucas Igrejas. A questão é desafiadora, pois os que foram não pretendem mais voltar. No entanto, há uma luz no fim do túnel, e a maior razão é que aquele que deu sua vida por amor àqueles que agora fazem parte da Igreja, sempre cuidará dela. Estes que uma vez foram resgatados e comprados com o precioso preço pago na cruz do calvário, Deus haverá de trazê-los novamente à comunidade. Nunca e jamais deixarão de ser Igreja, ainda que distantes. 

Pela experiência do novo nascimento entraram e viram o Reino, e uma vez entrando nele, jamais sairão. Deus em sua soberania e poder haverá de promover nos corações dos membros de comunidades relevantes, o desejo de acolher os “sem Igreja”.

 Estes ao retornarem terão a oportunidade de vivenciar experiências profundas com comunidades do Reino, Igrejas acolhedoras, amantes do próximo, lideranças com compromisso de Servir.

Paras Igrejas relevantes fica o desafio de buscar e conscientizar os Dissidentes da Igreja e fazê-los compreender de maneira profunda o papel da Igreja no mundo, seus perigos e desafios, fazê-los entender pelo poder convencedor do Espírito Santo a importância de ser chamado para ser Igreja, desafiá-los a viver em comunidade, esclarecer com base nas escrituras a relevância do exercício da comunhão, do partir do pão, do estudo da palavra, da oração. Chamá-los para uma vida de comunidade. 

Aos “Sem Igreja” fica o desafio de retornar com espírito de tolerância e humildade. Compreender que a igreja militante sempre estará sujeita a imperfeições, afinal, é uma igreja que caminha num processo de maturidade com a finalidade de chegar à medida da estatura de Cristo, e, é dentro dela que acontece este processo. Isolar-se certamente atrofiará este desenvolvimento de maturidade.

 Portanto, busquemos uma vida comunitária. Viver em comunidade é praticar a misericórdia, a partilha, o acolhimento, é oferecer ombro amigo em tempos de crise. Isto é ser Igreja! Viver em comunidade vai além das paredes e portas, Igrejas do Reino estão acima de ritos e dogmas praticados na religião. Viver em comunidade é sermos indivíduos agenciadores do Reino de Deus.

A razão de nossa existência como Igreja não é para viver para nós mesmo, mas para o outro. Lutemos pela Igreja. Que o Senhor nos ajude!

3 comentários:

  1. No passado também haviam os descontentes com as mesmas razões citadas, então abriam novas igrejas com o propósito de corrigi-los, mas poucos anos depois se tornavam réplicas do mesmo sistema religioso controlador. Agora alguns desistem mesmo e outros tentam novos caminhos e novas alternativas.

    Um bom texto que reflete o que fato é hoje igreja brasileira.

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  2. Os controladores de igrejas, em sentido administrativo, têm esse papel de desencaminhar servos de Deus, comprados pelo sangue de Jesus Cristo, e que pertencem à Sua Igreja, Igreja essa, que, traduz na sua essência o amor de Deus através de Cristo para o restante do povo. No ministério que estou há 35 anos, agora estamos passando por isso há 3 anos, os controladores se infiltraram neste ministério, e sem ética pastoral, estão me empurrando para a margem para poderem usurpar a direção do trabalho no qual estou há 2 anos como pastor em responsabilidade por igrejas cujo os dirigentes não obedecem mais qualquer ordem da palavra de Deus. Está havendo um relaxamento e eu não concordo com isso. A interferência administrativa é um soco no estomago, é engessar as mãos. Mas o Senhor está a ver tudo isto, e creio que Ele agirá sobre os perversos.

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  3. Cuidando das pessoas, ovelhas feridas e sem condições de caminhar por si em direção a igreja, é o caminho que os pastores têm para retira-las do buraco e carregá-las por um tempo em seus braços até que estejam recuperadas e saudáveis espiritualmente, fisicamente e emocionalmente. A igreja não é uma instituição humana, um ajuntamento visível, o qual é apenas reflexo do verdadeiro ajuntamento em espírito e em verdade. Esta igreja a qual Jesus é o único e verdadeiro pastor, busca seus fiéis cuidadores e extensores de sua função na terra para guardar e apascentar; nutrir, curar e suportar as ovelhas. Grande parte do fenômeno dos sem-igrejas, é fruto de uma visão caótica e distorcida do que é verdadeiramente a igreja, vista como corpo vivo de Cristo. Corpo, com membros funcionais, bem ajustados e localizados em seu devido lugar pelas juntas especificadas pelo Espírito, pelo fluir da vida de Cristo nas medulas, isto é, no âmago da vida dispensada pelo Pai. Ao passo que este lugares funcionais foram sendo transformados em cargos e peças de estratégia de administração eclesiásticas, produziu-se anomalias estruturais, nada tendo a ver com o propósito inicial de Deus para seu povo. O Fator financeiro e buscas de preeminência ou segurança profissional têm sido objetos preponderantes nestas mobilizações sociais no contexto dos ajuntamentos de irmãos em detrimento do propósito dar frutos, qual é o verdadeiro chamamento da igreja, e não resultados, por sua vez o objetivo humano implantado no sistema hodierno. Somos uma “igreja” fruto de uma visão estereotipada capitalista socialista e não nos damos conta, em parte por ignorância, e em parte com conveniência. Quebrar estes paradigmas, é quebrar nossas expectativas pessoais, derrubar nossos castelos. E isto custa-nos demasiadamente caro.

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